sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

O Sonho de Nabucodonosor e os Impérios Mundiais. Parte 2.

 

Na Parte 1 escrevi:

‘Assim o Sonho de Nabucodonosor foi para deixar claro para Humanidade que é o Senhor nosso Deus, o D’us de Israel,  o dirigente da  História tendo como Objetivo o estabelecimento de Seu Reino Eterno.

O que se depreende, que se perceber claramente , é que os Impérios Mundiais se sucedem, porém, todos tem Pés de Barros e suas existências na Grande História, nos milênios da Humanidade, são relativamente curtas como veremos a seguir’.

Vou exemplificar:

A Queda do Império Romano do Ocidente ou Queda de Roma, com a deposição de Rômulo Augusto em 476 d.C. ou EC. ,  é considerada  como um divisor de águas histórico dando assim o início da Idade Média.

Somente em 800 d.C. ou EC surgiu na Europa um novo Império que foi o Império Carolíngio, universum regnum ("todo o reino", em oposição aos reinos regionais), Romanorum sive Francorum imperium[a] ("império dos romanos e francos"), Romanum imperium ("império romano") ou mesmo imperium christianum ("império cristão"),  quando Carlos, o filho mais velho de Pepino, o Breve, rei dos francos de 751 até sua morte em 768,  e Bertrada de Laon ( Berta-dos-pés grandes)  , rei dos francos a partir de 768, rei dos lombardos a partir de 774 , foi coroado imperador em Roma pelo Papa Leão III, que durou, portanto de 800 até 887 de nossa Era, que englobava Frância Ocidental

Frância Média, Frância Oriental , e é considerado  a “primeira fase da Historia do Sacro Império Romano-Germânico, Sacrum Imperium Romanum (Latim)

Heiliges Römisches Reich (Alemão), que se desenvolveu na Europa Central e durou quase mil anos até sua dissolução em 1806, pelo general Napoleão Bonaparte  o primeiro imperador dos franceses”.

O Sacro Império Romano-Germânico da Nação Alemã (em latim: Sacrum Imperium Romanum Nationis Germaniae) ou Antigo Reich para distingui-lo do Império Alemão, que foi fundado em 1871 como um estado-nação.

Na época da criação do Império, o território cobria cerca de 470.000 quilômetros quadrados e do século 11 ao 14, a população triplicou para cerca de 12 milhões.  

Dieta Imperial, Dieta Imperii (Latim), Reichstag (Alemão), era o Órgão deliberativo do Sacro Império Romano-Germânico, fundada em 803 e extinta em 1806 de nossa Era.

“ O papel e a função da Dieta Imperial evoluíram ao longo dos séculos, como o próprio Império, com as propriedades e territórios separados aumentando o controle de seus próprios assuntos às custas do poder imperial. Inicialmente, não havia um horário nem local fixos para a Dieta. Começou como uma convenção dos duques das antigas tribos germânicas que formavam o reino franco quando decisões importantes tinham que ser tomadas, provavelmente com base na antiga lei germânica em que cada líder contava com o apoio de seus líderes”.

 “ O Sacro Império Romano-Germânico acabou sendo composto por quatro reinos:

Reino da Alemanha (parte do império desde 962),

Reino da Itália (de 962 até 1801),

Reino da Boêmia (a partir de 1002 como o Ducado da Boêmia e elevado a um reino em 1198),

Reino da Borgonha (de 1032 a 1378).”

Em minha Coleção de Livros intitulada Conversado Alegremente  sobre História, registrada na Biblioteca Nacional , escrevi:

104 – CONVERSA –A Bula de Ouro e o Privilegium Minus.

Para entendermos o Sacro Império Romano Germânico que perdurou até 1806 temos que tomar conhecimento da Bula de Ouro, promulgada em 10 de Janeiro de 1356, às vezes chamado de Bula Dourada Nuremberg, ou Bula de Ouro de Metz, principalmente pelos historiadores franceses.

“A Bula de Ouro não foi nada menos do que um código imperial ( Kaiserliches Rechtsbuch )”.

A cidade de Frankfurt am Main mantém o original da Bula de Ouro, mas há uma cópia nos arquivos da cidade de Metz.

Relembrando:

“O Sacro Império Romano-Germânico (em alemão Heiliges Römisches Reich; em latim Sacrum Romanum Imperium) foi a união de territórios da Europa Central durante a Idade Média, durante toda a Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea sob a autoridade do Sacro Imperador Romano”.

 “A Bula de Ouro de 1356 foi um decreto emitido pela Dieta Imperial em Nuremberg e Metz chefiada pelo Imperador Carlos IV, da Dinastia de Luxemburgo, que fixa, por um período de mais de 400 anos, aspectos importantes da constitucional estrutura do Sacro Império Romano”.

“O decreto foi nomeado historicamente como Bula de Ouro, por causas do Selo de Ouro  que a chancelava”.

“Além de regular o processo eleitoral em sua forma final e atribui a escolha do Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos (Rex Germániæ ac rex Romanorum), aos Príncipes- eleitores (Kurfürst, plural Kurfürsten), os capítulos da Bula de Ouro continham muitos decretos menores, como por exemplo, definiu a ordem, o protocolo, da Marcha Cerimonial quando o Imperador estava presente, com e sem as Insígnia Imperiais”, e por aí vai...

De acordo com as normas eleitorais o Rei tinha que ser eleito por maioria de votos de um colégio eleitoral composto por sete membros perpétuos, três eclesiástica e quatro leigos, os famosos Kurprinz - Ein Kurfürst (lateinisch princeps elector imperii oder elector) -   a saber:

1-Fürstbischof, ou Príncipe-Bispos:

a-      O Arcebispo de Mainz - segundo homem do Império, o presidente do colégio eleitoral e Archicancellarius por Germaniam, ou Erzkanzler für Deutschland, ou Arqui -Chanceler da Alemanha;

b-      O Arcebispo de Colônia - Archicancellarius per Italiam, Reichserzkanzler für Italien, Arqui –Chanceler para a Itália;

c-       O Arcebispo de Trier ou Trèves, Archicancellarius por Galliam, Reichserzkanzler für Burgund, Arqui-Chanceler para a Borgonha.

2-Wier weltliche Fürsten, ou os quatro Príncipes seculares:

d-      O Rei da Boêmia- Erzmundschenk, ou Archipincerna, ou Arqui-Mordomo, ou Arqui-Copeiro, cujas funções eram realizadas apenas durante coroações;

e-      O Conde Palatino do Reno – Erztruchseß, ou Archidapifer, ou Arqui-Senescal;

f-       O Margrave de Brandemburgo – Erzkämmerer, ou Archicamerarius, Arqui- Camareiro;

g-      O Duque da Saxônia -  Erzmarschall, ou Archimarescallus, ou Arqui-Marechal, foi, também Reichsvikar, ou vicarius imperii ou provisor imperii, ou seja, o repomsabvel pelos negócios do Império em curso desde a morte de um Rei/Imperador, até a eleição de outro Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos (Rex Germániæ ac rex Romanorum).

O Rei eleito era então considerado em imperatorem promovendus ("a ser promovido Imperador"), mas a Bula permaneceu em silêncio sobre a confirmação por parte do Papa.

O Imperador era Senhor absoluto de todos os feudos imperiais, responsável pela Suprema Magistratura.

Pela Bula de Ouro, os Príncipes- eleitores são os Soberanos de seus Estados e são Hierarquicamente superiores aos demais Príncipes e, consequentemente, a qualquer membro da Nobreza do Império.

Suas terras ou domínios não eram mais desmembráveis e tinha que ser transmitida de pai para o filho mais velho, contudo se a Linhagem da família detentora do Feudo acabasse, o Imperador estaria livre para nomear outro à vontade, exceto em Bohemia, pois o direito de eleger um novo monarca no país pertencia a seus domínios.

Encontrar pretextos legais para a nomeação de um anti-Rei já não era possível.

Os Príncipes- eleitores eram a maior e única autoridade judicial em seus Estados Soberanos.

Com isso, a Dignidade Imperial era concedida por sete Príncipe-eleitores, e assim o Poder Real se tornou secularizado.

Também era previsto um encontro anual de todos os Príncipes - eleitores, em que eles deviam comunicar algo e/ou consultar sobre algo ao Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, (Rex Germániæ ac rex Romanorum), já Imperador ou imperatorem promovendus ("a ser promovido Imperador").

Com as regras definidas pela Bula de Ouro, Carlos IV definitivamente garante a independência do Império, reduzindo os riscos dupla eleição – um anti-Rei, eleito – e privou o Papado de toda arbitragem sobre a capacidade de eleito, e mais, de escolher um candidato.

Inocêncio VI nada objetou porque em seu arraial havia guerra, estava em franca disputa com as forças da nobreza italiana.

Vemos que o Imperador Carlos IV, da Dinastia de Luxemburgo, com sua Bula de Ouro de 1356 transformou o Imperador numa espécie de presidente eleito em uma república aristocrática, pois o seu Poder Imperial advinha de uma Eleição por um Colégio Eleitoras composto dos principais Príncipes do Império, não tendo o Bispo de Roma, o Sumo Pontífice da Igreja Católica, nada a haver com essa delegação eleitoral, e a Sagração e Coroação pelo Papa era totalmente dispensável, ou ficando a critério de cada um dos eleitos Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, (Rex Germániæ ac rex Romanorum), ou imperatorem promovendus ("a ser promovido Imperador") receber ou não receber o Diadema Imperial das mãos do Soberano Pontífice Romano.

Havia, também, por trás dos movimentos do Imperador Carlos IV, da Dinastia de Luxemburgo, o desejo de que o Império não perdesse nenhum dos domínios do norte da Itália, limítrofes do Patrimônio de São Pedro, patrimônio esse que os Padres sempre estavam querendo aumentar ou na guerra ou através de tratados de paz, e com isso não perder o livre acesso ao importante Mar Mediterrâneo.

Mas, havia um grande problema...os Habsburgos, poderosos Duques da Áustria, estavam fora desse Colégio Eleitoral e da eleição propriamente dita.

Então, a exemplo da “Doação de Constantino”, aparece um documento falso, Privilegium maius ("o maior privilégio"), uma versão modificada do Privilegium Minus ("o menor privilégio"), emitido pelo Imperador Frederico I Barbarossa em 17 de setembro de 1156, no qual a Marca da Áustria era elevada a Ducado.

No Privilegium Maius, Rodolfo IV declarou que Áustria era um " Arquiducado "dotado de direitos semelhantes aos dos Príncipe-eleitores do Sacro Império Romano, tais como:

1-            Inseparabilidade do território;

2-  Automática herança do primogênito (primogenitura), mais tarde alargado a herdeiros do sexo feminino na Pragmática Sanção de 1713 em favor da arquiduquesa Maria Teresa;

3-            Independente jurisdição e Legislativo, sem qualquer possibilidade de apelar para o Imperador (Privilegium de non evocando);

4-            Permissão para exibir certos símbolos de Autoridade, de Poder governamental, como as Insígnias Imperiais.

Rudolf também criou o título Pfalzerzherzog ("Arquiduque Palatino") semelhante ao Eleitor Palatino do Reno, titular de um voto eleitoral.

 O primeiro governante Habsburg que realmente usou o título de um Arquiduque foi Ernesto, o Ferro [da Áustria].

A partir do século XV, todos os Príncipes da Dinastia dos Habsburgos foram chamados Erzherzöge oder Erzherzogin, ou Arquiduque ou Arquiduquesa.

E assim, aproveitando-se de confusões na Boemia e na Hungria, à custa de 60.000 ducados, no dia 2 de fevereiro de 1440, em Frankfurt am Main, o nobre Frederic von Habsburg, Duque da Áustria, da Styria, de Caríntia e Carniola, foi eleito por unanimidade Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, (Rex Germániæ ac rex Romanorum), ou imperatorem promovendus ("a ser promovido Imperador"), mas essa é uma História para quando conversamos sobre a Dinastia dos Habsburgos.

No Século XVII foram elevados a condição de Príncipes-eleitores o Duque da Baviera, em 1623, e o Duque de Brunswick-Lüneburg, em 1692.

Em 1803 forem elevados os nobres:

Margrave de Baden (em alemão: Markgrafschaft Baden);

O Landgrave de Hesse-Cassel (em alemão: Landgrafschaft Hessen-Kassel); 

Príncipe de Ratisbona, ou de Regensburg (em alemão: Fürstentum Regensburg);

Duque de Salzburg (em alemão: Herzogtum Salzburg);

Duque de Württemberg (em alemão: Herzogtum Wirtenberg);

Grão-Duque de Würzburg (em alemão:  Großherzogtum Würzburg).

 Essa milenar instituição imperial foi ‘pela força dos canhões do general Napoleão  dissolvida sendo substituída pelo Império da Áustria, Kaisertum Österreich (alemão), 1804–1867, como veremos, pois, seu primeiro imperador foi Francisco II e I (12 de fevereiro de 1768 - 2 de março de 1835),  o último imperador do Sacro Império Romano-Germânico como Francisco II de 1792 a 1806, e o primeiro imperador da Áustria como Francisco I de 1804 a 1835, sendo,  também foi rei da Hungria, Croácia e Boêmia, pai de Dona Maria Leopoldina da Áustria ,a Grande, arquiduquesa da Austria, nossa  primeira imperatriz e rainha de Portugal.

 

Jorge Eduardo Garcia.

Servo de Deus e seu irmão por Cristo Jesus.

Autor da Coleção “Conversando Alegremente sobre História” , livro didático, registro na Biblioteca Nacional número 896.957. livro 1.749.

Publicado em https://conversandoalegrementesobrehistoria. blogospot.com/

Autor do livro histórico “Os Macabeus”,  registro na Biblioteca Nacional número 905.798, livro 1.767.

Continua...

 

 

 

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